Ele não pega ônibus cheio para trabalhar todos os dias. Na realidade, ele não tem um trabalho tradicional, um emprego, nem uma empresa e muito menos funcionários. Ele não tem férias, pois ele é tecnicamente desempregado. Não tem chefe, não puxa saco de ninguém, não fica feliz porque o vale refeição aumentou e nem tem férias de 30 dias. Ele não cumpre metas estabelecidas por alguém, não tem medo de perder o emprego, porque jamais teve um. Esse jovem não tem o estereótipo comum e convencional, admirado costumeiramente pelos adultos e desejado como um bom partido para as filhas deles. Com esse currículo, ele seria considerado um fracassado pela maioria dos seres comuns.
Ele é sueco, se chama Felix Kjellberg e ganhou o equivalente a cerca de 2 milhões de reais por mês em 2014. Neste ano, estima-se um acréscimo considerável em seu ganho. O que ele faz? Produz conteúdo para internet. Precisamente, grava vídeos para o YouTube sobre videogame.
Alguns enchem a boca para dizer que ele é uma exceção. É verdade, ele é uma “exceção” ao ganhar mais de 7 milhões de dólares por ano para falar sobre videogame. Ele e milhares de outros jovens espalhados pelo mundo que já ganham mais de 1 milhão de dólares por ano fazendo o mesmo, talvez falando sobre outros assuntos como moda, piadas ou simplesmente dando suas opiniões sobre assuntos do cotidiano. Isso, sem contar com outros milhares de blogueiros e instagramers que faturam alto com publicidade. Tirando esses que produzem conteúdo, há também milhares de outros jovens que faturam alto vendendo produtos pela internet, com aplicativos e serviços online. Há também os que dão aula pelo Skype, seções de coaching, geram e vendem leads e outros serviços através da web. Sim, eles são “exceções”, mas eles já são dezenas de milhares de jovens em todo mundo que chutaram para cima o modelinho empreguista e industrial, demonstrando que essa tendência é irreversível.
Na realidade, em vez de exceções, eu prefiro falar que eles são os precursores, os pioneiros de uma nova tendência que é parte de uma nova economia que não tem mais volta e que está apenas começando, deixando os tradicionais confusos, inseguros e, em alguns casos, revoltados, dizendo:
“Um absurdo, esses inúteis que não fazem nada da vida ganharem tanto dinheiro, enquanto eu que estudo e trabalho tanto não sou reconhecido…”
Senhores, sua remuneração jamais será proporcional à quantidade de informação que você acumulou em seu cérebro, nem pela quantidade de diplomas pendurados na parede e tampouco pelo seu sobrenome ou esforço para cumprir horários e protocolos corporativos.
Numa economia de mercado, não existe nada absoluto e cristalizado. Se há demanda para entretenimento e por conteúdo na internet, principalmente com a rápida expansão do mobile, os que atenderem a essa demanda do jeito que os consumidores desejam serão recompensados por isso. Agora, se a demanda de empregos cai em todo mundo com o aumento da taxa de desemprego, isso significa que, se você está nesse caminho em busca de oferecer e vender seus serviços, é natural que, pela falta de demanda de mercado e o excesso de gente oferecendo a mesma coisa, é óbvio que o valor do que você oferece só vai cair.
Bem vindo ao novo mundo, muito diferente do velho mundo, onde um monte de gente pagava algumas dezenas de milhares de reais numa faculdade e outras dezenas de milhares de reais num MBA para, em seguida, levar, se tudo desse certo, quase uma década só para recuperar esse investimento.