Acredito que haja um consenso universal de que todo adulto deve trabalhar. Crescemos vendo
nossos pais, os amigos dos nossos pais, nossos tios e avós trabalhando e, pela lógica, assim que tivermos uma idade aceitável, nós também começaremos nossa jornada de trabalho. Dessa forma, dia após dia, dedicamos um tempo relevante trabalhando. Mas, afinal, por que nós trabalhamos?
Há quem diga que gostaria de matar quem inventou o trabalho. Outros dizem que o trabalho
dignifica o homem. A única certeza é que, por meio do trabalho, desenvolvemos nossas habilidades inatas e adquirimos muitas outras. No entanto, hoje em dia, devido a fatores sociais mundiais, grande parte da população trabalha para ganhar dinheiro e se sustentar e, com isso, passam a vida inteira abrindo mão dos seus sonhos e até mesmo da sua felicidade em prol do seu sustento. O problema é que nós mesmos incorporamos nossos desejos de consumo como o motivo de trabalharmos.
Eu me lembro, quando os meus filhos eram pequenos, que, como toda mãe, eu me sentia culpada de sair de casa todos os dias para trabalhar. Mesmo trabalhando meio período, era sempre de partir o coração quando eu saía depois do almoço e os deixava na escolinha, desejando ter mais tempo com eles.
Em um dia em que eles não tinham aula e ficariam em casa, ao me dirigir até a porta para sair, meu filho mais velho, que na época tinha em torno de 5 anos, agarrou as minhas pernas pedindo para eu ficar com ele. Eu, muito comovida, dei a resposta pronta que tinha criado para situações como esta: “Filho, a mamãe vai trabalhar para ganhar dinheiro para comprar presente”. Ele rapidamente respondeu:“Não vai, mãe, eu não preciso de mais presentes”. Fiquei de coração partido e, em lágrimas, me abaixei, olhei nos olhos dele, que também estava chorando, e falei: “A mamãe gostaria de ficar com você, mas eu preciso ir trabalhar”. Dei nele um abraço apertado e fui.
Naquele momento, então, percebi que não era verdade que eu ia trabalhar para comprar presente para ele. Eu ia trabalhar, em primeiro lugar, porque eu precisava… por mim. Eu era uma mulher jovem, empreendedora, com várias habilidades e me sentia muito produtiva trabalhando.
Em segundo, meu marido e eu tínhamos tido a oportunidade de comprar um negócio promissor e estávamos batalhando juntos, lado a lado, por um futuro melhor para a nossa família. E, em terceiro, nós tínhamos um projeto de vida que estava no tempo de plantar e não de colher.
Entendendo esses motivos, o meu coração se acalmou e eu pude ordenar a minha mente e os meus sentimentos para o foco que eu tinha. Eu sabia que não adiantaria explicar ao meu filho por que eu trabalhava; provavelmente ele não entenderia, aos cinco anos de idade, mas eu estava certa de que, a partir daquele dia, eu não daria mais aquela desculpa superficial a ele, mas compartilharia o prazer que eu tinha de trabalhar e me desenvolver pessoal e profissionalmente.
Então, por que você trabalha? Tenha clareza dos motivos que o fazem sair de casa todos os dias para trabalhar e esteja certo de que as pessoas importantes para você também sabem aonde seus passos o levarão!