Não fique refém dos vampiros

Há algum tempo, meu filho de 2 anos de idade estava com uma febre muito alta. Luciana, minha esposa, o levou a um atendimento de emergência infantil aqui em Barcelona. Chegando à porta do hospital que estava bem recomendado no Google, ela se deu conta de que era um hospital público e imediatamente pensou em fazer meia volta. Mas como já estava lá, resolveu entrar e conferir.

Na recepção, ampla, limpa e com funcionários sorridentes, rapidamente foi muito bem atendida, passando pela triagem em menos de 5 minutos. Esperaram mais 10 minutos e foram atendidos por um médico. A consulta levou uns 15 minutos. Em seguida foram encaminhado para exames de sangue e, por fim, depois dos resultados (20 minutos mais tarde), receberam uma avaliação dos resultados por outro médico que se juntou ao primeiro para discutirem o diagnóstico.

Satisfeita e impressionada com a estrutura do hospital, equipamentos, equipe médica qualificada, disposta e motivada, saiu de lá sem pagar um centavo sequer pelo atendimento e pelos exames e dirigiu-se a uma farmácia para comprar os remédios indicados.

Resumo: todo atendimento aconteceu no mesmo nível dos melhores hospitais privados brasileiros e americanos que estamos acostumamos a frequentar. A população no Brasil não merece ser tratada com este mesmo respeito?

Para isso, o governo brasileiro – que recebe dinheiro suficiente ( descontado todos os meses do salário dos empregados, bem como dos encargos e impostos recolhidos das empresas) – precisaria ser de fato comprometido e competente. Mas, ao contrário, tem feito este papel vergonhoso nos hospitais públicos que são verdadeiros ninhos de corrupção, falta de respeito e descaso com o cidadão brasileiro que já está acostumado a ser esculachado e que, por isso, convive com este desrespeito como parte de sua rotina.

Diante do óbvio, eu fiquei impressionado. Sinal de que minha referência, como a de grande parte dos brasileiros, é muito baixa. Mas a verdade é que essa experiência de um excelente atendimento num hospital público em Barcelona, mesmo estando a Espanha mergulhada num cenário de crise profunda, não representa nada mais do que a obrigação de qualquer governante que no final do dia não passa de um empregado muito bem pago pela população para servi-la.

Nada justifica o descaso ao qual os mais pobres são submetidos no Brasil, em especial porque pobre não tem outra alternativa e por isso se torna refém de governos caras de pau, populistas e marqueteiros que, em nenhuma hipótese, teriam a coragem de submeter seus próprios filhos às filas e aos serviços públicos pelos quais são responsáveis por gerir.

Empreender é a saída meritocrática para você nunca mais precisar depender desses vampiros do poder. Comece pequeno, mas pense grande!