(Um texto do ponto de vista de um empreendedor. Não se ofenda)
A realidade é que não temos o controle como pensamos ou desejamos ter. A vida, por definição, é um risco desde o primeiro suspiro. Alguém pode morrer porque um avião caiu sobre sua cabeça ou passar por toda uma vida alimentando leões numa jaula e ainda sobreviver.
Jogar o jogo da vida na retranca pode produzir a ilusão de segurança, mas, na realidade, o que de fato proporciona é uma vida limitada e carente de grandes emoções e conquistas.
Ganhar um alto salário fixo numa grande multinacional ou ter um cargo público pode ser considerado um emprego seguro para muita gente, mas, no meio de uma forte crise econômica, como a que aconteceu na Grécia recentemente, por exemplo, empresas inteiras sumiram do mapa, bem como mais de 100 mil funcionários públicos foram demitidos. Mas, e a estabilidade garantida por lei? Ela se dissolve em ambientes extremos, porque as leis mudam e o caos é que passa a dar as cartas.
Por outro lado, quando empreendemos, além de fazermos o que gostamos, vivemos a aventura da vida de forma muito mais saborosa. Nessa hipótese, ganha-se a chance de estudar aquilo que seja comprovadamente útil para seu projeto, através de sua própria pesquisa, sem que seja necessário se preocupar com seu currículo, com sua conta no LinkedIn ou com o único intuito de mostrar para alguém que você tem esse ou aquele título. O que passa a valer é sua capacidade de inovar e produzir. O resto, num passe de mágica, transforma-se num amontoado de balelas.
Empreender é nadar em pleno oceano. É não estar limitado dentro de um aquário corporativo cheio de peixinhos engravatados. Empreender é ter o desafio diário de provar para o mundo seu valor, a fim de estar apto a caçar seu próprio alimento, em vez de ser alimentado pela ração diária distribuída dentro do galinheiro institucional.
A verdade é que quem se abstém de assumir riscos em troca de garantir sua sobrevivência, para conseguir pagar suas contas no final do mês, diminui sua possibilidade de se machucar, é fato. No entanto, aumenta brutalmente as chances de se lamentar por não ter seguido seu instinto, ter desbravado uma vida de lutas, decepções, porém de grandes conquistas.
Essa é a hora em que muitos me perguntam: “Mas, Flávio, se todo mundo resolver empreender, quem vai trabalhar nas empresas?”
Primeiro, essa hipótese é impossível, pois estatisticamente, na hora H, a maioria amarela por medo de perder. Frequentemente, as grandes massas abandonam sua única chance de ganhar ao sinal da primeira turbulência e optam por uma vida estagnada, porém “segura”. Logo, todos empreenderem está fora de cogitação.
No entanto, admitindo a hipótese que um texto como o deste post encorajasse mais pessoas a empreenderem, promoveríamos a diminuição da oferta de mão de obra, o que geraria um aumento substancial dos salários pagos no Brasil, o que aumentaria o poder de compra dos produtos vendidos pelas novas empresas.
Bom para o empreendedor. Bom para o profissional. Bom para o país. Bom para todos.