Quando o assunto é dinheiro, um festival de hipocrisias tem sido despejado por todos os lados nessa sociedade cheia de contradições. Como, sendo pobre ou rico, eu conheço muito bem os dois lados da moeda, fico muito à vontade para escrever a respeito desse assunto.
Hoje em dia, dizer que gosta de dinheiro tem se tornado algo estranho. Essa atitude ousada é olhada com reprovação e o indivíduo que se atreve a fazer tal afirmação profana logo é tratado como um portador de uma espécie de lepra.
Sim, dinheiro é bom e quem nega isso é mentiroso ou – no mínimo – está confuso e mergulhou na incoerência sem que tivesse percebido. É com dinheiro que você promove educação e saúde para sua família e que o governo de um país desenvolve projetos para o bem estar de sua população. Portanto, se é com dinheiro que tudo é possível ser realizado, por que tratá-lo como um demônio?
Alguns dizem: “O dinheiro é a raiz de todos os males”. Errado. O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Ou seja, o que brota de dentro do ser humano, suas contradições, inveja e falta de caráter, produzem em algumas pessoas um sentimento sem limite, uma paixão desmedida e um obsessivo sentimento por ele, que dá ao dinheiro um status de dono de quem deveria possuí-lo, tornando-o um escravo. Ou seja, em vez de possuir o dinheiro, o indivíduo passa a ser possuído por ele.
Ter dinheiro é bom, sim. Conquistá-lo honestamente através de sua capacidade de empreender é bom e digno de ser admirado e seguido como exemplo para que novos empreendedores sejam despertados, gerando mais empregos e o recolhimento de impostos que contribuem para o crescimento do país. Feliz é o país que tem muitos que produzem riquezas, dando ao governo a chance de realizar seus projetos a fim de colaborar com os menos favorecidos.
Há uma onda de hipocrisia e uma mentalidade medíocre que ronda a sociedade brasileira, que tenta denegrir o sucesso e o mérito, fazendo com que as pessoas tenham vergonha de dizer que tiveram algum sucesso e ganharam dinheiro. É uma completa inversão de valores. Essa modinha política prejudica o país, cria uma corja de puritanos travestidos de consciência social, hipócritas profissionais e seres humanos transformados em repositórios de inveja concentrada.
O pior é que essa doença é contagiosa e um dos sintomas mais comuns é aquele típico ar de superioridade, arrogância politizada e pseudointelectualidade de gente que adora viver sustentada pelos privilégios provenientes do Estado que foram, obviamente, patrocinados pelos impostos daqueles que eles tanto criticam.
Ganhar dinheiro é muito bom, ser escravizado pelo dinheiro é uma doença, mas viver como um hipócrita invejoso, dizendo que endinheirados honestos são seres sujos, é uma vergonha lamentável, um atraso para o país e uma doença contagiosa que deve ser erradicada. Afinal, uma país que sofre de sucessofobia não chega muito longe.