Só para quem gosta de pensar

As diferenças existem, sempre existiram e sempre existirão. Saber conviver com elas tem um nome: tolerância. Hitler foi muito habilidoso para conquistar o poder na Alemanha. Sua frase predileta era: “É culpa da elite judaica”.

Com essa e outras abordagens, ganhou, através de plebiscitos, poderes absolutos para combater as diferenças malignas que ele alegava existirem. O que ninguém sabia era que ele estava prestes a cometer atrocidades em nome da igualdade e da intolerância às diferenças.

Tome muito cuidado todas as vezes que você ouvir: “É culpa da elite branca”.

Essa estratégia, que não passa de uma incitação entre as classes e raças, visa tão somente dividir para dominar, e assim, através de dispositivos democráticos, ganhar legitimidade para desestruturar a ordem vigente.

A democracia é um meio, ou seja, um veículo que pode ser usado tanto para o bem como para o mal. Como disse, Hitler ganhou poderes através de plebiscitos democráticos, apoiados amplamente pelo povo.

Logo, nem tudo que é apoiado pelo povo, ou seja, que seja fruto da democracia, significa que será para o bem do próprio povo. Na Coreia do Norte, por exemplo, temos eleições periodicamente.

Não há dúvidas de que existam muitas contradições e disparidades em nossa sociedade que precisam ser equacionadas, mas as desigualdades sempre existirão, por um motivo muito simples: cada um de nós é um ser único, diferente e que jamais poderá ser padronizado. Usar essas desigualdades inevitáveis para incitar conflitos é um golpe baixo nas próximas gerações, porque essa estratégia não produz nada mais do que ódio e intolerância.

A intolerância religiosa ou político-ideológica sempre foi responsável pelas maiores aberrações testemunhadas pela humanidade. Centenas de milhares já morreram em decorrência de indivíduos obstinados e que não medem consequências para imporem suas formas de pensar e suas ambições para conquistarem seu lugar de destaque na história, bem como sua fome por poder e dinheiro fácil.

Quem cai nessa armadilha nem percebe no que se meteu. É como alguém que se converte a uma religião e se torna um fanático religioso que acredita que está certo e que por isso sente-se no direito nobre de degolar pessoas em nome de sua fé, desviar dinheiro público em nome de sua ideologia e manipular as massas em favor de sua crença. Sua frase predileta é: “os fins justificam os meios”. Quando flagrados em seus delitos, sentem-se orgulhosos por morrerem ou serem presos por sua causa e, por isso, são tratados como heróis por seus correligionários.

A divisão produz ódio, o ódio produz guerra, a guerra produz mortes e todos saem perdendo. Você pode não ter percebido, mas a guerra no Brasil já começou e foi incitada por líderes sem escrúpulos e ambiciosos que enxergaram seu lucro político através da criação desses conflitos que até cinco anos atrás ainda não tinham sido despertados com esta força.

De fora do Brasil, fica muito mais simples enxergar tudo isso do que para quem está mergulhado neste processo e, muitas vezes, por conta do corre-corre, não se dá conta de que a história está acontecendo bem debaixo de seu nariz.

Como sair dessa? Não sei. Talvez não tenha mais volta e o país tenha realmente que experimentar o caos para valorizar a liberdade que teve um dia.

Repudio todo tipo de ditadura, tanto a de direita, que vivemos no Brasil no século passado, como a de esquerda, a exemplo do que se vive há mais de 50 anos em Cuba e há 10 anos na Venezuela e é defendida no Brasil por muitos que estão no poder.

Esses dois extremos esmagam a criatividade, despedaçam os sonhos e condenam à mediocridade uma multidão de jovens que verão os anos passarem mergulhados em conflitos, pneus queimados no asfalto e guerras intermináveis criadas por meia dúzia de idealistas insanos que não passam de ladrões de futuro.

No final, esses líderes, mesmo diante do caos que criaram, vão sempre se sentir heróis, pois foram inspirados em outros heróis sanguinários do passado que hoje têm suas fotos estampadas em camisetas da moda, usadas por quem não tem a menor noção da quantidade de inocentes que, desesperados, foram torturados e morreram entregues nas mãos impiedosas desses heróis de boinas pretas estreladas.