Um dia, ele acordou e, ao se levantar da cama, percebeu algo muito estranho: tudo estava em preto e branco. Nada tinha cor. Correu para o banheiro, lavou o rosto e, quando foi escovar os dentes, ainda preocupado, cuspiu a água rapidamente. A água estava amarga. Ainda sem entender, foi correndo falar com sua mulher. Ela parecia ter 50 anos a mais. Ele olhou bem para ela, percebeu que, de fato, falava com sua mulher, mas como ela poderia ter ficado tão enrugada da noite para o dia?
Antes de sair, sentou-se à mesa com a família para tomar café. Seus filhos não o olhava nos olhos. Já estava preocupado com o que poderia acontecer. Quando deu a primeira mordida em seu pão, logo cuspiu com veemência, porque estava com gosto de podre. Ele pediu para que sua mulher provasse e ela disse que estava tudo bem e que o gosto estava normal, mas ele sentia um cheiro e gosto de podre.
Pegou seu carro e decidiu ir ao médico. Nas ruas, lixo para todos os lados, as pessoas eram mal educadas e, apesar de estar um lindo dia de sol, chovia apenas sobre seu carro. Por dentro, ele sentia uma angústia sem explicação que o deixava muito infeliz.
Ao chegar ao médico, explicou todos os sintomas para o amigo que lhe atendia por mais de 10 anos. Ele pediu exames. Ao chegar o resultado, ficou fácil dar o diagnóstico: INVEJITE AGUDA.
A inveja deturpa a forma como o invejoso vê o mundo. A insatisfação com sua vida faz com que veja tudo muito pior do que de fato é. É como o anoréxico se considera gordo, mesmo quando está pesando 40 kg. Sua visão sobre si próprio, sua baixa auto-estima e o seu profundo incômodo com o vizinho transforma sua existência numa miserável experiência de vida. Ao se sentir desesperado, passa a atacar, desprezar e até ofender os que mais admira e gostaria de ser igual.
Coitado do invejoso. Não tenha raiva dele. Tenha pena e viva sua vida feliz e sem culpa.