Entenda melhor sobre essa triste realidade de um povo sem alternativa, sem liberdade e sem futuro.
Nesta semana, 9 cubanos atravessaram o Golfo do México numa balsa improvisada por quase 400 km, impulsionada por um motor de trator soviético modelo T-40. Com idades entre 20 e 40 anos, eles asseguraram que passaram 10 dias no mar nessa travessia, provenientes de Camagüey, ao oriente de Havana.
Morales, o “capitão” da balsa, disse que encarou todos os riscos por ‘não ver futuro em Cuba’. “Ali você tem que decidir entre comprar comida ou sapatos”, disse ao jornal “The Miami Herald”. Para se ter uma referência, o salário de um professor, uma profissão valorizada em Havana, é de 14 dólares por mês, 40% maior que a média salarial de outros profissionais.
Em menos de um ano, chegaram às praias do sul da Flórida cerca de 780 imigrantes cubanos, quase o dobro que o ano anterior, segundo números oficiais, sendo que em torno de 1.300 são apanhados no mar e deportados para Cuba. E não para por aí. No total, cerca de 40.000 (quarenta mil) Cubanos fogem da Ilha todos os anos e, por isso, a população tem diminuído recorrentemente, enquanto aumenta o número de velhos e crianças, uma população não produtiva, vivendo de forma precária.
Em 1993, uma dissidente cubana embarcou num avião em Havana disfarçada de turista espanhola, usando uma peruca e um passaporte falso, e voou para a Espanha para fugir do reduto comunista cubano. No entanto, Alina Fernandez Revuelta não é uma fugitiva qualquer — ela é nada mais e nada menos que a filha de Fidel Castro. Hoje, aos 58 anos de idade, ela mora em Miami e se dedica a uma cruzada: informar aos americanos sobre as injustiças e abusos do regime cubano de seu pai e tio. E ela está perto de ver sua vida se descortinar na telona do cinema em “A Filha de Castro”, um filme baseado na novela do ganhador do Oscar, Bobby Moresco (“Crash”), e do vencedor do Prêmio Pulitzer, Cruz.
Segundo uma pesquisa realizada em 2004, mais de 1,5 milhão de cubanos vivem nos EUA, sendo que 912 mil nasceram em Cuba e quase 600 mil já nasceram em território americano.
Fernando Morais, em seu livro, “A ilha”, escrito em 1976, fala sobre esse fenômeno: “Em 1959, havia em torno de 6.000 médicos no país em Cuba. Entre janeiro de 1959 e fins de 1960, a metade fugiu para os EUA. Quando, em 1961, o governo proclamou o caráter social da revolução, ocorreu o que os cubanos chamam ironicamente de ‘reforma urbana espontânea’: a fuga em massa das classes mais altas para Miami. Os dois bairros mais elegantes de Havana, Miramar e Laguitos, por exemplo, ficaram desertos da noite para o dia”.
A lei americana, desde 1966, permite que os cubanos que pisem o solo americano possam ficar no país e obter a residência, enquanto os interceptados no mar, mesmo a poucos metros da margem, devem ser devolvidos à ilha.
A notícia da fuga desses nove cubanos que chegaram a Miami ocorre na mesma semana em que a médica Yaumara Perez Garriga, de 30 anos, também fugiu do Brasil para os EUA, abandonando o programa Mais Médicos. Até agora, 35 médicos fugiram e até o final do acordo entre o governo brasileiro e o comando da ditadura cubana, estima-se que muitos outros médicos devem fugir em busca de mais dignidade e liberdade. O destino mais provável será os EUA, já que o Brasil se comprometeu com a ditadura da ilha a não dar asilo político a cubanos fugitivos.
Um dos médicos que fugiu do programa Mais Médicos deu esta declaração: “Para qualquer outro estrangeiro, trabalhar aqui não resulta em qualquer tipo de problema, pode se mover para onde quiser, não está preso em nenhum lugar, como nós estamos, pode convidar sua família, inclusive, para vir visitá-los. Nós, médicos cubanos, não podemos fazer isso porque o salário não dá para trazer nossa família.” E completou: “Não nos deixam sair. Para poder sair, precisamos informar ao nosso coordenador e ele vê se autoriza ou não. Penso que todos devemos ser iguais, regidos pela mesma lei brasileira.”
O “aluguel” de médicos cubanos para países aliados da ditadura comunista cubana é uma atividade que rende para o regime da ilha mais de 10,6 bilhões de reais por ano, já que é repassada somente uma pequena parcela para o médico, ficando o estado cubano com a diferença. Joana (nome fictício), médica cubana do programa Mais Médicos, no Brasil, disse recentemente à BBC: “Não tinha absolutamente nada. Graças à missão, mobiliei toda minha casa”.
Críticos do programa Mais Médicos dizem que a relação com esses médicos remete a uma espécie de exploração de mão de obra escrava, disfarçada dentro da lei como uma forma de injetar dinheiro em cuba por interesses políticos-ideológicos do atual governo brasileiro.
Mas sejamos justos. Cuba foi competente o bastante para provar ao mundo que, sim, é possível construir um país com igualdade. Cuba provou que em sua população não existe diferenças sociais exorbitantes entre os seus mais de 11 milhões de habitantes. Os irmãos Castros conseguiram provar ao mundo que é possível construir um país onde todos são pobres, sendo que muitos deles são miseráveis, com exceção, é claro, da família dos Castros e seus amigos mais próximos. Esses têm acesso liberado ao que as maravilhas do consumo podem oferecer.
Fonte: BBC, GLOBO.COM, UOL, WIKIPEDIA e Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).