Nossos familiares certamente são os que mais querem o nosso bem. Quanto a isso, não há dúvidas, mas isso não significa que eles serão as pessoas mais indicadas para lhe dar algum conselho sobre negócios. Por exemplo: se o seu pai optou por ser um funcionário público, por ter priorizado a estabilidade em sua carreira, talvez ele não seja a pessoa mais indicada para opinar sobre riscos. Se o seu tio tentou abrir um negócio várias vezes e desistiu sem resultados, talvez não seja o que podemos chamar de um guru corporativo para lhe direcionar em sua carreira de empreendedor. Serão sempre pessoas com quem você poderá contar, mas não necessariamente um bom conselheiro de negócios.
Hoje eu sou pai de três filhos. Por mais esclarecido que eu seja, a nossa tendência como pai é de tentar ao máximo possível preservar os nossos filhos para que eles não passem por frustrações. É um sentimento involuntário e instintivo de proteção presente em todos os pais. A nossa tendência será sempre o conservadorismo para os nossos filhos. Mas será que se eu não tivesse corrido todos os riscos que eu corri, passado por todos os caminhos que eu percorri, cometido os erros que eu cometi e ousado colocar em prática as ideias que eu tive, eu teria chegado aonde cheguei? Tenho a certeza de que não.
Minimizamos os riscos e aprendemos com os erros dos outros quando desfrutamos de bons conselhos. Alguns rebeldes sem causa enchem a boca pra dizer: “se conselho fosse bom, não seria de graça”. O que esses desavisados não sabem é que as grandes empresas pagam muito bem só pra receber conselhos. Esses conselheiros são profissionais experientes, testados e aprovados, que recebem recorrentemente das grandes companhias excelentes honorários para comparecerem uma vez a cada três meses em uma reunião de algumas horas, exclusivamente para darem os seus valiosos conselhos.
Acionistas e altos executivos, muito bem preparados e formados, sabem muito bem da importância de receberem bons conselhos. Por isso torna-se injustificável o fato de que que muitos jovens em seu ímpeto juvenil estejam acostumados a agir como se soubessem de tudo, cheios de si, sem buscarem formar a sua opinião através da experiência dos que já desbravaram, por muitos anos, tantos territórios inóspitos. Um único conselho é capaz de salvar um projeto ou mudar a história de muitas famílias.
Agora, como saber se alguém está habilitado a lhe dar um bom conselho? Simples: olhe bem para os resultados dessa pessoa, o que ela conquistou, quais são as suas especialidades através das quais conquistou autoridade no assunto. Quanto maior tenha sido o resultado conquistado por esta pessoa em sua trajetória de vida, mais valiosos serão os seus conselhos. Sem resultados, pode falar bonito, pode ser bem intencionado, pode ter muita teoria, pode amar do fundo do coração, mas, sobre negócios, o seu conselho fatalmente terá um peso muito menor para não dizer que será quase nulo.
Conselho bom não tem preço. E quanto mais maduro é o empreendedor, mais valor é dado para os conselhos que ele pode receber. Mas uma das maiores ameaças para alguém que já alçou voos maiores acontece quando o empreendedor se torna excessivamente confiante a ponto de se tornar solitário, achando que não precisa mais ouvir a opinião de ninguém. É justamente nessa hora que ele corre um enorme risco de colocar absolutamente tudo a perder.
Pense nisso com carinho.