Assisti ao vídeo do pronunciamento da Presidenta da República. Minha análise é a seguinte:
A presidenta tenta unir a população e prepará-la para os ajustes que ela está fazendo e que tanto disse ser contra em sua campanha: aumento de juros, ajustes em direitos trabalhistas, corte de despesas e aumento em tarifas de eletricidade e gasolina.
Sua fala foi sempre em tom de justificativa e em nenhum momento assumindo a sua responsabilidade. Com esse discurso, não será capaz de unir uma enorme parte da população que atribui a sua gestão a responsabilidade pelo descontrole da economia.
Na tentativa de justificar o momento difícil que atravessa o país, ela culpa a crise internacional e a meteorologia. Pelo menos pela primeira vez admitiu uma crise, o que sempre foi negado veementemente nos últimos meses.
Minha conclusão é: a presidenta não apresentou em seu discursos a capacidade de liderar e de unir o país. O próprio ex-presidente, seu antecessor, recomendou que a presidenta admitisse sua responsabilidade e seu esforço em reparar os danos a fim de unir seus opositores no sentido de resolver os problemas. Não foi esse, mais uma vez, o caminho escolhido pelo governo.
Enquanto isso, o dólar bateu R$ 3,10 hoje pela manhã, resultado da desvalorização do real e a valorização do próprio dólar, decorrente do excelente desempenho da economia dos EUA, onde não se fala mais em crise.
Dentro do partido do governo, muitas divergências e dissidências se formam por não concordarem com a condução do partido e da presidenta.
A população, imediatamente após o pronunciamento, protestou por uma única razão: está se sentindo subestimada pelo discurso que nega o inegável e não assume sua responsabilidade.
Tenho certeza de que se houvesse um discurso mais humilde, sem orgulho e reconhecendo suas falhas, existiria uma enorme possibilidade de se criar uma união em torno da reversão dos problemas do país.
O Brasil navega sem liderança e, o pior, sem confiança no sistema político que, neste momento, fica entregue ao discurso desgastado que culpa, como os vizinhos Venezuela e Argentina, os EUA, cria teses conspiratórias e uma guerra de informação que cansa, desgasta a economia e leva o país para o retrocesso econômico, moral e de identidade.
Enquanto isso, investigações sobre corrupção na Petrobras apresentam constatações lamentáveis sobre o esquema entre empresas, funcionários públicos e políticos no poder que causaram prejuízos bilionários para o país.
Esse cenário é péssimo e fatalmente afetará os mais pobres que, como sempre, são alvo dos discursos populistas, da incompetência e/ou da desonestidade de lobos em pele de cordeiro. Gostaria de dizer algo diferente, mas esse é o cenário que estou enxergando dentro do Brasil.
Como mudar? Leva tempo. Já disse aqui uma vez que não estamos no caminho certo. Sou brasileiro acima de qualquer partido político. Essa mania de defender partido como se fossem times de futebol está acabando com o país. Defenda o PT, o PSDB ou qualquer outro partido, mas se perceberem que eles perderam a mão ou perderam sua essência, defenda o Brasil acima de tudo e deixe de lado seu partido, sem peso algum na consciência.
Esse fanatismo inconsequente já está custando e ainda vai custar muito caro para o Brasil. Ou seja, vai custar muito caro para você, seus filhos e netos.