Mas o que é o senso comum?
Ele é formado pelo conjunto de opiniões, visões e valores adotados pela mente coletiva. O senso comum é a famosa voz do povo, pretensiosamente chamada de voz de Deus. Talvez ela mais se assemelhe à voz do demônio, porque, na contramão desse conceito, há quem tenha dito que toda unanimidade é burra. Além disso, o senso comum conduz ao inferno, para arder por toda vida no mar da estagnação e da mediocridade.
É muito comum, dentro do senso comum, sermos desencorajados a acreditar em inovações, em novos conceitos que sejam diferentes daqueles herdados de geração a geração, que mantêm as grandes massas dentro do seu quadrado e num lugar aparentemente mais seguro, porém estagnado.
Nesse lugar, acostuma-se com tudo: com o ônibus cheio, com o trem cheio, com a marmita fria, com horas no engarrafamento, com as cartas de cobrança do SPC, com o medo de perder o emprego, o medo do futuro e toda sorte de medo que assombra as noites úmidas do senso comum.
O senso comum domina as mentes e, com isso, domina as decisões. Assim, produz resultados comuns, que finalmente sustentam a tese das impossibilidades, mostrando por A + B que não é possível fazer nada para mudar. Portanto, “vivamos dentro do senso comum, porque nesse lugar, pelo menos, estaremos livres de grandes frustrações”. Mas o que é mais frustrante do que manter seus sonhos engavetados e viver todo santo dia com os planos B, C, D… Z?
Quem criou o senso comum? Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe, mas ele paira por aí, no ar, dentro das famílias, da escola, da universidade, na igreja, nas rodas de bar, na praia e na maioria das empresas privadas e públicas do planeta.
Quem tiver a coragem de se livrar do senso comum terá muito mais chances de sair dessa corrida de ratos, vai parar de correr atrás do próprio rabo e de papéis na ventania. Além disso, terá mais possibilidades de navegar num oceano azul, com as mãos sobre o leme.
Todas as vezes que alguém contraria as “normas” desse tal senso comum é imediatamente e brutalmente criticado pelos seguidores da boiada. Ele será chamado de louco, iludido, sonhador, fora da realidade ou coisas do gênero.
Experimente dizer: “Vou sair da faculdade” ou “não quero saber de estabilidade. Eu quero ganhos sem limites”. Ou experimente dizer: “Não quero fazer Medicina, porque eu prefiro fazer Música”. Ou, então, pra acabarem de lhe dizer que você é um retardado, diga assim: “eu gosto de trabalhar”.
Os conceitos do senso comum são as novas algemas de uma nova modalidade de escravidão moderna. É a escravidão da mente, aquela, por exemplo, que prefere o certo ao duvidoso, um tipo de escravidão que prefere a estabilidade às chances de se realizar fazendo o que gosta. É uma modalidade de escravidão que prefere um emprego a um trabalho, um salário a um dividendo, a escravidão que odeia o trabalho, que abomina o esforço e que reduz o escravo a um mero pagador de contas no final do mês e nada mais.
Sei que o discurso é duro, mas a realidade é ainda mais dura do que isso. A revolução que pode libertar o indivíduo dessas algemas acontece dentro da mente, na cachola, em sua massa cinzenta. Muito antes de meter a mão na massa, sua mentalidade determina se você está escravizado pelo senso comum ou se é livre para fazer suas próprias escolhas. Essa revolução é brutal, porém, sem armas, mas acontece no sangrento campo de batalha chamado “Sua Mente”.
Como eu disse, o senso comum está por aí pairando no ar. Os que se libertarem dele serão livres para voar e, depois de terem sido criticados e desprezados por anos por sua coragem de contrariar o fluxo e a ditadura do senso comum, depois de alcançarem seu sucesso, receberão os famosos tapinhas nas costas dos puxa-sacos de plantão, seguidores fiéis do senso comum, perplexos, dizendo: “esse deu sorte”.
Tá bom, sorte…