Não gostei da apresentação do Anderson Silva nesta semana. Isso inclui toda a presepada marketeira antes da luta, o que já tem sido de praxe no UFC, além da postura indolente do atleta brasileiro durante o combate, assim como o discurso sem compromisso e sem frustração depois da derrota.
Digo isso da mesma forma que penso que não fez sentido algum o Belfort ter soltado o braço do Jones depois de ouvir um estalo logo no primeiro assalto, assim como não gostei da luta do Anderson contra o Sonnen em Las Vegas, a revanche, no ano passado, quando eu estava a pouquíssimos metros de distância do octógono. Não vi um soco sequer acertando em cheio o americano, nem alguma justificativa para o gringo falastrão cair de maduro no segundo round e ficar esperando ser espancado como um gatinho assustado. Revi a luta frame a frame num vídeo que logo foi retirado do ar no YouTube.
Gosto muito dos dois atletas brasileiros que citei acima, mas a verdade é que não sabemos a que tipo de pressão moral e contratual os lutadores do UFC são submetidos nos bastidores e se por alguma razão que desconhecemos eles possam acabar cedendo. Realmente não sabemos. Mas há muitos interesses em torno das apostas em Las Vegas, na promoção do pay per view nas TVs fechadas e na divulgação da luta antes do evento.
Minha impressão é de que os lutadores assumem personagens e interpretam roteiros antes da luta, como acontece em luta livre, mas não acontece em outras modalidades. Para você ter ideia do tamanho da pressão de tudo que estou falando, quem apostou no americano no combate desta semana ganhou mais de três vezes o valor de sua aposta.
Foi publicado num portal dos EUA que a polícia americana já está investigando uma suposta aposta estranha e incomum, tanto em quem foi apostado quanto o grande valor da aposta: 2 milhões de reais na vitória do americano, o que teria rendido um prêmio de 7 milhões, segundo a matéria. Em breve serão divulgados os resultados das investigações, que correm sob segredo de justiça e por isso o nome do apostador não foi revelado.
Gosto de luta, mas não gosto de luta livre. A diferença é que quem vai até um show de luta livre sabe que vai assistir a uma performance artística e não uma luta de verdade. Quem vai, como eu fui, voando quatro horas num avião privado de Orlando para Las Vegas, exclusivamente para assistir a uma luta de alguns minutos para voltar logo em seguida em mais quatro horas de viagem, quer ver uma luta de verdade. Eu sinceramente fiquei bastante decepcionado pelo que vi. Não gostei mesmo.
Gosto de esporte, gosto de negócios e gosto também de marketing esportivo. Mas se o UFC deseja ter futuro, as performances artísticas antes das lutas precisam acabar e, de preferência, os lutadores têm que ser independentes, e não funcionários da empresa com compromissos rígidos em seus contratos. Talvez assim esse esporte tenha chances de ser levado a sério, ganhar mais credibilidade e assim conseguir faturar ainda mais a longo prazo.