Eu gostava de chamar meus amigos negros de Negão, Black, Zé Black, Tição, Azul, dentre muitos outros nomes que expressavam muito bem a liberdade de nossa intimidade despretensiosa e carinhosa, sem que algum chato pseudo-consciente-social fizesse seus julgamentos, levantando acusações sobre racismo. Eles eram meus amigos de verdade.
Eu gostava de chamar meus amigos de Cabeção, Orelhudo, Chupa-Cabra, Rolha de Poço, Chorão, dentre outros apelidos que expressavam muito bem a nossa intimidade despretensiosa, sem que algum chato pseudo-consciente-social fizesse seus julgamentos, levantando acusações sobre bullying. Eles eram meus amigos de verdade.
Eu gostava de chamar meus amigos homossexuais de Boiola, Viadinho, Pederastra, Gazela, Cabeleira do Zezé, Coisa Fofa, dentre muitos outros adjetivos que expressavam muito bem a liberdade de nossa intimidade despretensiosa, sem que algum chato pseudo-consciente-social fizesse seus julgamentos, levantando acusações sobre eu ser homofóbico. Eles eram meus amigos de verdade.
Eu gostava muito de dizer a esses amigos que eu estava estudando bastante para passar no vestibular das melhores faculdades do Brasil, porque eu queria vencer na vida e ser alguém relevante na sociedade, sem que algum chato pseudo-consciente-social fizesse seus julgamentos, levantando acusações sobre o fato de eu querer me tornar um burguês.
O fato é que o mundo ficou mais chato e nem por isso ficou melhor. Ou eu sou o único que está achando que ele piorou?
Eu gostava mesmo era de andar nas ruas da cidade sem ser assaltado, de admirar os líderes do meu país, de acreditar que éramos o país do futuro e de ter muito bem definido o que era o certo e o errado. Isso tudo se perdeu há alguns anos.
Além de chatos, estamos perdendo aquela intimidade espontânea e despretensiosa que foi trocada pelo discurso hipócrita do politicamente correto. Estamos nos enganando que estamos ficando mais civilizados, mas a cada dia nos afastamos de amizades mais profundas e nos tornando o melhor amigo do celular e do laptop, orgulhosos da mudança que achamos que está sendo implantada no país.
Somos mais desconfiados, machucados e cheios de razão e com discursos que repetimos como papagaios desde que começamos a ser catequizados pela TV, internet, pela propaganda governamental, em especial nas universidades, onde muita gente de boa intenção foi contaminada com a chatice do pensamento, considerado moderno, reformador, que deixou pelo caminho valores essenciais da boa convivência, impondo seus ideais ambiciosos e que sempre fracassaram.
A sociedade está muito chata e cada vez mais medíocre. O pensamento pequeno tomou conta e o coitadismo dominou a agenda. O pobre, com essa tendência, vai ficar ainda mais pobre, enquanto o rico a cada dia perde a paciência e muda de país. No meio dessa dança de cadeiras, quem está no poder, em vez de trabalhar, trabalha apenas para continuar lá, deitado em berço esplêndido.
Mergulhamos na corrupção sem limites e a da pior espécie. Daquela que acredita que os fins justificam os meios e que tratam marginais como heróis. Mergulhamos na falta de credibilidade, onde a mentira dá as cartas e o que se promete num dia, no dia seguinte depois do pleito pratica-se o contrário, deixando faltar a água e energia prometidas anteriormente com abundância.
Onde foram parar os militantes e seguidores fervorosos? O que vai acontecer com a confiança incondicional desses brasileiros idealistas que se iludiram que estavam construindo um país realmente justo? O resultado tem sido decepção e mais descrença. Parece que estamos amaldiçoados e fadados ao terceiro mundo, na terceira divisão do planeta e colegas de quarto da Bolívia e Venezuela.
Um país como o Brasil, que merecia viajar na primeira classe da história, está se conformando em ocupar o espaço apertado, escuro e mofado do bagageiro.
Tragam o Brasil de volta. Quem pode fazer isso?
Não estou falando de partidos políticos, pois quase todos, se não todos, se enquadram neste texto. Estou falando de nossa identidade, de nossa liberdade, de nossa espontaneidade e, acima de tudo, da segurança de ir e vir nas grandes cidades sem que sejamos assaltados, assassinados ou estuprados por marginais com mais ou menos de 18 anos. Que diferença faz? Tanto faz.
Se um dia você passar pelo infortúnio que passam as famílias de quase 60 mil brasileiros que são assassinados todos os anos, que diferença faria se o marginal que tirou a vida de seu ente querido tivesse 50 ou 15 anos de idade? Certamente, a sua dor não seria nem maior ou menor.
Por isso, hoje, a regra é ser superficial, chato e hipócrita, mas com pose de bacana e nariz empinado de intelectual com consciência social e camisa com estampa do Che Guevara, sob pena de ser linchado nas redes sociais ou em roda de amigos chatos, sustentados pelas mesadas do papai.
Nessa epidemia de chatice, o barato é ser descolado e atacar o primeiro que se atreva a sair do quadrado, da lavagem cerebral reformadora que invadiu o país e roubou não apenas a Petrobras, mas principalmente a nossa identidade verde-amarela e a trocou por um martelo e uma foice.
Por que um martelo e uma foice? Por que não um caderno e um livro? Um estetoscópio e um bisturi? Uma chuteira e uma bola? Quem sabe, um mouse e um teclado? Uma bateria e uma guitarra? Ou até uma gravata e um terno?
Não quero um país proletário. Quero o pobre prosperando.
Não quero menos ricos. Quero mais ricos.
Não quero discurso bonitinho. Quero atitudes honestas.
Não quero mais gente chata. Quero gente guerreira, batalhadora e com vontade de transformar a sua realidade de vida e promovendo uma vida melhor para os seus filhos.
Como isso pode ser possível?
Há muito o que se debater a esse respeito, mas certamente não será com um martelo e nem muito menos com uma foice.