Existe vida além do dinheiro

Houve uma época em que eu respondia perguntas anônimas no antigo Formspring para os mais de 10 mil funcionários de minha empresa. Digamos que isso foi o embrião do GV. Esta pergunta abaixo em particular foi feita há cerca três anos. Ela é meio longa, mas pode lhe ser útil.

PERGUNTA:

“O foco é sempre o $$$, as pessoas trabalham pelo $$$, você (Flávio) trabalha pelo $$$, não que isso seja ruim, mas como confiar naquelas pessoas que dizem ter como propósito ajudar pessoas, quando somente pensam no dinheiro?”

RESPOSTA:

“Cara, sua pergunta é tão importante, que talvez eu responda apenas ela no dia de hoje, para me dedicar um pouco mais e conseguir transmitir toda minha visão sobre esse tema de extrema importância. Além disso, sua pergunta foi bem ampla. Então, vou dividir em partes e começar a respondê-la de trás para a frente.

Bem, sobre essa tal pessoa que só pensa em $$$ enquanto diz que quer ajudar pessoas, vou ser bem objetivo com você: acho isso nojento! Se for realmente isso que você disse, fica muito difícil confiar nessa pessoa. Agora, cuidado, você pode estar enganado.

Esse tema é muito delicado e às vezes corremos o risco de julgar as pessoas. Isso é muito perigoso e comum quando tratamos de dinheiro, pois podem existir muitos conflitos de interesse. Só tem um jeito para não se correr esse risco: conversando com a pessoa abertamente e passando a limpo. Portanto, não confie em suas conclusões sem confrontar a pessoa primeiro.

Seguindo adiante, vamos analisar suas afirmativas que originaram a pergunta: ‘O foco é SEMPRE o $$$, as pessoas trabalham pelo $$$, você trabalha pelo $$$’.

Eu concordo 100% com você: todas as pessoas têm interesse em ganhar dinheiro quando trabalham e desempenham sua função profissional. Afinal, quando trabalhamos em uma empresa, não estamos fazendo um serviço voluntário não remunerado e sem fins lucrativos. O $$$ sempre estará envolvido e sempre será um elemento importante em toda e qualquer atividade profissional. Uma empresa tem também, como missão, gerar lucros para seus acionistas, aqueles que investiram capital, correram riscos e, portanto, seus lucros devem ser preservados, até porque a contrapartida social é a geração de empregos e/ou investimentos em programas sociais. O $$$ é parte de qualquer negócio e atividade profissional. Não há nada de imoral e antiético nisso e falar qualquer coisa contrária seria uma grande hipocrisia.

Eu avalio todos os projetos em que nossa empresa está envolvida também com base nos resultados financeiros. Projetos que não são rentáveis não fazem sentido, enquanto outros recebem mais investimentos porque são mais rentáveis. Quando criamos uma nova bandeira para franquearmos, desenhamos um modelo de negócio atrativo financeiramente para que investidores tornem-se franqueados, expandindo a rede e gerando mais resultados financeiros. Também investimos em novas metodologias de ensino para que os alunos fiquem felizes com os seus resultados, paguem suas mensalidades, o franqueado fique mais feliz e abra mais franquias, contrate mais pessoas como você, que também podem melhorar de vida, gerando, com isso, mais recursos para investir em publicidade, facilitando a vida de quem matricula, que também vai ganhar mais honorários e, com esse crescimento, o Grupo prospera financeiramente. Todos prosperamos. O dinheiro é parte de nosso dia a dia e não há nada de negativo nisso.

Agora, a coisa pode começar a complicar quando começamos a analisar a forma como cada pessoa se relaciona com o dinheiro. Quem nunca ouviu a frase ‘O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males’? Não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro, ou seja, a forma como cada um se relaciona com ele.

Quando isso acontece, as consequências podem ser catastróficas. A primeira coisa que acontece é que as coisas passam a ser mais importantes que as pessoas. Não há relacionamento que sobreviva quando coisas valem mais do que pessoas. Refiro-me a todos os tipos de relacionamentos. Homem/mulher, pai/filho, relacionamentos entre amigos. Alianças preciosas são quebradas, os interesses tomam o lugar da confiança e a inveja brota de forma implacável. Pessoas matam por dinheiro, cometem suicídio por dinheiro, guerras acontecem por dinheiro.

Existe também um outro lado. Algumas pessoas, depois de ganharem dinheiro, descobrem que ele não é a coisa mais importante. Embora continuem achando importante, pois têm a responsabilidade de multiplicar seus talentos, descobrem que mais importante do que o dinheiro é a família, alguns relacionamentos, alianças, saúde, paz. O dinheiro pode comprar uma cama muito confortável, mas não o sono. Pode comprar o melhor plano de saúde, mas não a saúde. Escrevi isso em uma resposta anterior. Pense comigo: se na hora de sua morte, em seus últimos minutos, você tivesse a oportunidade de escolher sobre o que você preferiria ter do seu lado naquele momento, você escolheria estar do lado de pessoas que você ama, de seus melhores amigos, ou com o seu extrato bancário nas mãos, cheio de dinheiro? Qual é o valor de nossos bens na hora da nossa morte?

Bem, agora eu vou juntar as coisas e é aí que mora o perigo, porque alguns podem se confundir. No OMETZ GROUP, no modelo que desenvolvemos ao longo do tempo, estimulamos o investimento em pessoas, que consiste, na maioria das vezes, em literalmente uma ação de ‘ajuda’. Muitas vezes, extrapolamos o mero relacionamento profissional e ajudamos as pessoas a administrar suas dívidas pessoais, administrarconflitos emocionais… Quem nunca ouviu a história do Édio, nosso diretor do conselho, quando chegou no RJ em 1994? Eu fui buscá-lo na rodoviária, chegando com uma caixa de papelão nas mãos com suas roupas dentro. Quanta coisa foi feita pelo Édio, além de seu próprio esforço, para que ele estivesse hoje no lugar em que está? E muitas outras histórias que temos de dedicação intensa em resgatar a confiança e autoestima das pessoas.

Temos essa prática no OMETZ GROUP, porque acreditamos em uma fórmula, a de que ajudar pessoas é um excelente negócio! Ajudar pessoas dá retorno! A maioria de nossos gerentes comerciais que dão extraordinários retornos financeiros para a empresa hoje foi muito ajudada.

Muitas pessoas com um forte desejo de ajudar podem fazer isso sabendo do grande retorno que terão no futuro. Como na lei da semeadura: quem planta, colhe!

Por que eu uso a expressão ajudado? Porque não é apenas uma relação profissional que se estabelece em muitos dos casos. No mercado, não se faz 10% do que fazemos. Nós acreditamos que vale a pena ir muito além do que se vai normalmente no mercado, e nossos resultados, em mais de 15 anos, nos respaldam nessa afirmação.

Para finalizar:

Considere também uma outra coisa. Existem pessoas que já ganharam dinheiro suficiente para nunca mais trabalharem em suas vidas. Já têm tudo o que querem e muito mais do que um dia imaginavam que teriam. Por que essas pessoas continuam a trabalhar? Existe vida além do dinheiro!

Considere agora outra coisa. Por que na Alemanha, um dos países mais ricos do mundo, 40 jovens tentam se matar por dia? Porque o dinheiro não lhes deu todas as respostas.

CONCLUSÃO:

Ganhar dinheiro é legítimo e bom, ser hipócrita com esse tema é nojento. A pessoa que ama o dinheiro e acha que ele é tudo é digna de pena!”