Amo o desconhecido e fico entendiado com a estabilidade. No começo, quando ainda estava em busca de alcançar alguns objetivos básicos, aprendi a lidar com o risco calculado. Numa outra fase, comecei a gostar dele, pois dava mais sabor às minhas conquistas e uma emoção que, distante dela, o tédio e a estagnação passam a dar as cartas.
Abrir empresas, criar produtos, morar em diferentes países, aprender outros idiomas, recomeçar em áreas em que nunca atuei, escrever sobre temas fora do politicamente correto, investir no inexplorado, desafiar o convencional, conviver com críticas e chacotas quando começo um projeto e, logo em seguida, receber elogios e tapinhas nas costas das mesmas pessoas depois que tudo deu certo e encorajar outros a perseguirem uma vida fora das grades da estabilidade tem sido uma grande e agradável aventura nos últimos 20 anos.
Quando voltamos a nossas origens antropológicas, temos um encontro com nossa essência. O fato é que somos caçadores e desempenhamos esse papel por milhares de anos. Saíamos pela manhã, sem garantias, e assumindo todos os riscos, a fim de levar para casa, no final do dia, o sustento de nossa espécie.
Ter um reencontro com essa essência é o que de fato nos traz a realização por nos reconectarmos com o nosso senso de significado existencial, enquanto tentarmos fugir desta independência e autonomia, trocando-a pela garantia de uma ração mensal entregue por alguém em nossa porta é uma fórmula perfeita para, depois de anos nesse estilo de vida, cansarmos de descansar, ficarmos entediados por essa suposta proteção, além de ficarmos infelizes e cheios de inveja ao vermos os que saem de casa todos os dias com coragem e brilho nos olhos, mesmo em meio a todos os riscos, mas que, no final do dia, são recompensados pela abundância e a alegria do resultado ilimitado de seu trabalho.
Afinal de contas, já dizia o filósofo: todo homo sapiens será feliz quando tiver uma causa para lutar, uma aventura para viver e uma donzela para resgatar.