Depois de 25 anos atuando na linha de frente no mercado, formando executivos e empreendedores, vendo muitas pessoas fracassarem e outras triunfarem, estou a cada dia mais convencido de que as competências emocionais são as que realmente fazem a diferença.
Vi muita gente inteligente e talentosa desperdiçar oportunidades por desequilíbrios inacreditáveis, por inseguranças inexplicáveis e por ser controlada pela ansiedade. Tudo isso considerando que tiveram uma boa formação e conhecimento técnico invejáveis, em alguns casos.
Também já presenciei o caso de outros que, apesar de não terem tido acesso a uma formação recomendada e, mesmo tendo que lidar com uma série de limitações, chegaram muito longe, graças a sua disciplina, lealdade e foco. Suas limitações técnicas foram superadas com um pouco mais de tempo e esforço até alcançarem o nível suficiente.
Já me lamentei muito por perder grandes talentos, ou melhor, por vê-los morrendo em meus braços e ao ouvir seu último suspiro, enquanto lutava muito para orientá-los na direção certa. É claro que o maior prejuízo sempre foi desses suicidas profissionais, mas, como líder, sempre me lamentei muito todas as vezes em que precisei atuar como coveiro, enterrando esses talentos desperdiçados no cemitério do esquecimento.
Por outro lado, não há alegria maior para um líder do que ver seu aluno reencontrando a autoconfiança, libertado-se dos complexos que carregou por toda a vida, vendo seu talento florescer, seu brilho nos olhos de volta, enquanto amadurece a ponto de se tornar um bom gestor de seus sentimentos, em vez de ser sequestrado por eles como eu outro tempo.
Depois de quase três décadas nesse campo sangrento de batalha, não me restam dúvidas sobre o quanto as competências emocionais fazem toda diferença entre o sucesso e o esquecimento, entre a realização e a frustração, bem como entre a prosperidade e a mediocridade.
Apesar de constatar essa realidade, vejo que muitos desconhecem sua existência. Além disso, tratam como sendo algo abstrato e quase místico. Por isso, vão sempre classificar essa abordagem como uma espécie de auto-ajuda barata, referindo-se a ela sempre com um certo desdém e um olhar de superioridade.
Não fazem isso por mal. Fazem por ignorância, por limitação mesmo, pois nenhuma dessas competências emocionais lhes foi ensinada na escola. São completamente analfabetos no assunto. Como geralmente esses candidatos a intelectuais acreditam muito no sistema, dentro do qual se encontram bastante enraizados, tudo que é diferente dessa cartilha, na qual foram adestrados, é rejeitado, em vez de reconhecerem com humildade que teriam muito o que aprender a respeito.
Em muitos casos, tudo isso acontece enquanto eles não conseguem ter sucesso em seus pequenos projetos, acumulando muitas frustrações que acabam sendo despejadas em suas palavras contra o que eles chamam de “fórmulas de sucesso” ou palavras de efeito.
De certa forma é compreensível, pois realmente deve ser insuportável para essa gente concluir que no alto de sua sapiência e intelectualidade, com o passar do tempo, seus resultados tornaram-se decepcionantes e insignificantes. Por isso, resta-lhes apenas refutar todo e qualquer discurso que lhes atribua responsabilidade. Segundo eles, é tudo culpa da crise, do Brasil, do sistema, do mercado etc. Se tudo der errado, no fim, pelo menos vão poder escrever sobre suas frustrações em seus blogs e desferir críticas aos “cabeças fracas” que dão tanta audiência para a auto-ajuda barata. Tudo uma massa formada por bobinhos desmiolados. Mas não eles. Eles são os descolados, falam bonito, escrevem bonito. Eles são os detentores exclusivos do senso crítico, são cheios de teorias e meia dúzia de realizações corriqueiras.
Já os bobinhos, os que acreditam que as respostas para suas aspirações não estão somente no raciocínio cartesiano e binário ensinado na escola, nem nas razões macroeconômicas, mas, sim, dentro de cada um de nós, nos labirintos de nossas emoções, onde se escondem grandes monstros capazes de nos paralisar ou grandes heróis sedentos por viver uma aventura cheia de vitórias.
Nos últimos 25 anos vi repetidamente tudo isso acontecer. Enquanto isso, eu que sou o mais bobinho e iludido de todos, seguidor de auto-ajuda barata e não sou tão esperto, intelectual e descolado como eles, colecionei alguns resultados e, depois disso, colecionei mais outros e, como os descolados costumam dizer que é sorte, fundei mais empresas que foram novamente bem sucedidas. Mas que sorte!
Assim é a vida. Formada pelos que aplaudem, os que são aplaudidos e os que somente criticam.
Pobre vida dos que somente criticam.
Já os bobinhos…