Uma determinada família brasileira de classe média, com dois filhos, há muito tempo tem um sonho: fazer uma viagem para o exterior. Há vários anos, guardam suas economias e contam nos dedos para viverem juntos uma experiência inesquecível. Planejaram, sonharam e se esforçaram muito para realizar esse projeto.
No entanto, nos últimos meses, esse sonho ficou mais distante. A família viu, bem diante de seus olhos, o dólar que valia R$ 2,00 reais subir para R$ 3,20, que, aliado à elevação do preço dos combustíveis, fez com que os custos com as passagens aéreas também subissem. Para completar, nesta semana, o governo brasileiro resolveu aumentar o preço da emissão do passaporte em 65%.
Antes, a emissão dos passaportes de uma família de 4 pessoas custava R$ 624. Agora, com esse novo aumento, o preço subiu para R$ 1029,00, a serem pagos para o governo brasileiro para que essa família possa exercer seu direito de sair do país.
Somando tudo – a variação cambial, o custo das passagens aéreas pelo aumento dos combustíveis e o preço cobrado pelo governo pela emissão do passaporte – de um ano para cá, o preço dessa mesma viagem ficou cerca de R$ 8.200,00 mais cara, somente pela diferença de preços, ou, se você preferir, mesmo com todo esforço, essa família ficou R$ 8.200,00 mais pobre.
Alguns podem dizer: “Que futilidade. Tem coisas mais importantes que uma viagem para o exterior”.
Não há nada mais importante que os sonhos e projetos das famílias brasileiras, sejam eles quais forem. Seja um curso no exterior, um passeio, um sonho de consumo ou mesmo o simples direito de ir e vir, gastando seu próprio dinheiro suado da maneira que mais lhe convier.
Por ter ficado R$ 8.200 reais mais cara, a viagem dessa família deverá ser adiada por alguns meses ou anos. Mas se a economia continuar como está (espero que não), com o real continuando a se desvalorizar (espero que não) e o governo elevando os impostos e taxas para a população (também espero que não), é possível que o sonho dessa família nunca seja realizado.