Coração que bate

A vida é uma corda bamba, um risco constante e não há um ser humano sequer seguro neste planeta. Quando menos esperamos, uma doença, um acidente, um contratempo e, de repente, tudo que era seguro e estável se dissipa num estalar de dedos.

Entorpecidos pela negação de sua condição humana, muitos não desejam sequer tocar nesse assunto. Essa realidade que se contrapõe à corrida ilusória pela estabilidade sempre me fez refletir e moldar o estilo de vida com o qual decidi viver, em vez de simplesmente seguir a boiada, vivendo como se fôssemos eternos neste Planeta e que detemos o controle sobre todas as variáveis naturais da vida. Algumas considerações sobre isso:

1. Todos morreremos – Não há escapatória nem para mim, nem para você. A diferença é que alguns terão mais tempo e outros menos. O mais comum é viver como se sua hora jamais fosse chegar, o que pode nos levar a escolhas que desperdicem o pouco tempo que nos resta. Todos morreremos e entender isso pode mudar seu estilo de vida enquanto está vivo.

2. Estabilidade não existe – Seu colesterol, taxa de glicose, pressão arterial, inflação, câmbio, Fies, aposentadoria, o clima (vejam a tempestade em Santa Catarina), seu emprego, a quantidade de endorfina que o mantém com a sensação de felicidade, sua saúde emocional, seus negócios, os avanços tecnológicos que deixam alguns felizes e outros inseguros (veja o caso do Uber) etc. Estabilidade não existe e entender isso pode mudar seu estilo de vida.

3. Aproveite quem você ama – A constatação da brevidade da vida e da total falta de garantia de que você não será o próximo a partir logo assim que terminar de ler este texto é o que pode alterar como você gasta seu tempo e seus recursos – influência e dinheiro. Futilidades perdem espaço, prosperar financeiramente ganha outro sentido, como, por exemplo, aumentar a chance de desfrutar as pessoas que você ama, oferecer mais qualidade de vida a eles e perpetuar um legado para as próximas gerações. Para outros, ser apenas feliz e cercado por pessoas queridas já pode ser considerado o suficiente.

4. Qual o sentido da vida? Independentemente de sua convicção religiosa, você estará sempre dividido entre dois grupos:

A. Os que acham que a vida é um conjunto de coincidências aleatórias.

B. Os que acham que a vida tem um propósito.

Invariavelmente essa divisão passa pela crença de que existe um Deus ou pela percepção de que a vida é apenas uma experiência biológica.

O que me cabe dizer aqui é que a certeza de transitoriedade da vida nos leva a buscar um posicionamento e a pensarmos sobre questões que estejam acima de nossa rotina diária que insiste em nos afastar da realidade e da certeza de que nossa hora vai chegar. Cedo ou tarde, seu coração que amou, que sofreu, que acelerou ou que cansou vai bater pela última vez. E, quando isso acontecer, o que terá ficado para trás?

Eu quero ter cumprido minha missão e combatido um bom combate.