A escola é chata, repetitiva e com muitas matérias sem qualquer propósito, com professores desmotivados e mal remunerados, além de não dar aos alunos a mínima noção sobre a realidade do mercado e da vida.
Despreparados, sem conhecimento sobre si mesmos, sobre sua missão de vida, vocação e a respeito de suas opções profissionais para o futuro, os adolescentes entram, seguindo o fluxo, numa universidade. Lá, em meio a festinhas, álcool, maconha e ideologias marxistas, ficam enclausurados numa bolha por anos, durante um dos períodos mais produtivos de sua vida.
Ao terminarem, uma festa de formatura glamurosa. Um evento repleto das mais diferentes sensações de sucesso e orgulho para a família, ainda que dure apenas uma noite. No dia seguinte, ainda na ressaca, são vomitados no mercado de trabalho e na realidade da vida. Com o diploma debaixo do sovaco e ainda vivendo de mesada, levam algum tempo para desaprenderem alguns de seus valores sobre o que pensaram ser sucesso e o que lhe garantiu algum status dentro daquele mundinho do sertanejo universitário. Mas, no mundo real, as regras do jogo são outras.
Alguns, talvez pela necessidade, tenham descoberto isso antes, ainda durante os anos de colônia de férias. Mas outros acabam prolongando a adolescência cultivada nas cadeiras da universidade até mesmo depois do 30 anos de idade, quando começam a se cansar das baladas sagradas de quinta a domingo.
A família pressiona, a idade pressiona, a sociedade pressiona, o mundo pressiona e o tempo, sem dúvida, é implacável. Para aumentar a pressão, alguns colegas, nem sempre os mais descolados dos grupinhos mais populares da universidade, já ensaiam um papo diferente e esboçam algumas conquistas. Alguns se casam. Ele pensa: “Coitados, por estarem desperdiçando a chance de aproveitarem a vida pra valer”. Isso enquanto o adolescente barbado de 30 anos recebe sempre mais de 10 ligações no fim de semana de mulheres o convidando para sair. Ele se sente o máximo.
O tempo passa e, por fim, a ideia é passar num concurso público de ensino médio com salário de 3 mil reais. A ideia é começar por aí e depois continuar estudando para um de nível superior. Que nada! Onde encontrar saco para estudar o tempo que é necessário? Tenta uma vez, duas… Dá um tempo e… a namorada engravida. Assume? Aborta? E agora?
A essa altura, depois dessa trajetória cada dia mais comum de um jovem de classe média, começam os questionamentos sobre a vida, quem sabe influenciado pelas sementes daquelas aulas de sociologia da faculdade: “É, realmente o capitalismo é cruel, é injusto e não nos dá oportunidades”.
Bela conclusão, playboy.
PS: Como interpretação de textos é bem precária no Brasil, reforço que o texto mistura realidade e sátira, temperada com um tom de ironia, em especial na última frase. Os personagens são fictícios. Qualquer semelhança com alguém que você conheça é mera coincidência.