Quando eu comecei minha carreira profissional, aos 19 anos de idade, havia uma frase que meu diretor costumava dizer em nossas reuniões matinais que frequentemente ecoava em minha mente: “ao melhor, as melhores coisas”.
Em meu ímpeto juvenil, eu desejava conquistar as melhores coisas, que, naquela ocasião, eram representadas por um melhor ganho financeiro, prestígio, mais oportunidades e, com isso, poder realizar o objetivo de me casar com a Luciana e construir nossa vida juntos.
Estava decidido. Apesar de viajar 4 horas por dia em transportes coletivos precários e lotados todos os dias, entre idas e vindas entre a periferia e o centro do Rio de Janeiro, enquanto ainda vivia dentro dessa realidade repleta de limites, ainda que sempre grato e feliz dentro dela, a ideia de conquistar as melhores coisas definitivamente me atraiu e, por aquela frase simples e de alto impacto dita quase que diariamente pelo meu diretor, o único requisito para tudo isso se realizar era eu ser o melhor.
No início, quando olhava para os meus colegas do meu lado, dentro da equipe de vendas a que pertencia, parecia um pouco arrogante adotar uma postura declarada de ser o melhor. Era estranho por não ser esse o comportamento social aceito como comum ou estimulado dentro do sistema educacional brasileiro, onde a mediocridade é frequentemente cultuada, a fim de igualar a todos em vez de estimular o destaque, a superação e o desenvolvimento do potencial, que é resultado de esforços individuais, de acordo com as metas de cada um.
Esse ambiente produzido artificialmente, uma espécie de bolha socialista criada dentro das escolas, desvia os jovens da realidade mercadológica, como a exemplo do esporte, que dá aos melhores as melhores oportunidades. Somos treinados para sermos medíocres, ou seja, aquele que está dentro de uma média, unidade de medida para garantir que um aluno sinta-se bem sucedido dentro da bolha do ambiente escolar: estar na média. Quem nunca se sentiu feliz por estar na média?
Ficava claro para mim, logo no início de minha carreira, que eu estava lidando com um novo conceito filosófico que eu logo adotei para minha vida – ao melhor, as melhores coisas – mas que se contrapunha a tudo que eu havia aprendido ao longo de minha suposta e artificial bem sucedida vida de estudante.
Percebi que precisava desaprender o velho para aprender o novo, já que eu decidi que queria as melhores coisas e que, para isso, precisava libertar meu potencial, ser ousado para declarar minha opção de ser o melhor e trabalhar para isso, ainda que me custasse mais do que a média estava acostumada a pagar. Uma coisa era certa: a média não me interessava mais. Ser o melhor era a nova meta.
Sei que nesses primeiros passos que dei também aprendi e captei a essência do “click”, ou seja, aquela mudança que, num estalo de dedos, muda sua perspectiva, transforma sua ideologia de vida e, por consequência, o alavanca a um outro plano, diferente do convencional, a fim de conquistar acima da média, acima da mediocridade.
É impossível falar sobre esse assunto sem provocar incômodos. Isso porque ele trafega por um território diferente das grandes massas, é um tema que confronta a zona de conforto em que a maioria da humanidade se encontra sem perceber e, por isso, é um tema que se apresenta politicamente incorreto, aparentemente arrogante e presunçoso, quase que imoral, mas que, na realidade, incomoda por invadir o ambiente da estagnação vivido pela grande maioria, onde os valores são outros, onde o menor esforço é a grande meta, porque, afinal, trabalhar, para essa grande massa de acomodados, é um martírio, e reclamar nas segundas-feiras é um estilo de vida.
Mas quem disse que para ser o melhor é necessário agradar a maioria? Sim, depois de conquistar o posto de melhor, os aplausos vindos dessa mesma maioria vem de forma incontestável. No entanto, antes de ser reconhecido como melhor, dessa maioria deve-se esperar apenas críticas, chacotas e descrença.
Por isso, quem decidiu acreditar na filosofia do “ao melhor, as melhores coisas”, deve tão e somente estar focado em seu objetivo. No dia em que você subir no pódio, prepare-se para ouvir o aplauso daqueles que não lhe pouparam críticas. Isso também faz parte do prêmio. Um prêmio exclusivo para uma minoria que decidiu pensar como minoria. Pensar fora da caixa.