Em 1991, com 19 anos de idade, comecei a trabalhar numa pequena escola de inglês. Lá, encontrei este senhor chamado Manoel (foto à esquerda). Ele era sócio e diretor da escola, onde fui muito bem recebido e dei meus primeiros passos profissionais.
Sim, esse cara ao lado dele sou eu. A postura um pouco tímida, nada fotogênica, retratava uma certa intimidação de um menino do subúrbio que tinha se metido a sonhar grande. A calça azul era filha única, bem como a gravata e o cinto. Já camisa, eu tinha duas. Essa branca e uma rosa que eu intercalava diariamente. O sapato que não aparece, no pé direito, tinha um furo e, às vezes, molhava a meia. Esse era o figurino que me acompanhava todos os dias dentro de um trem ou ônibus lotados da periferia do Rio de Janeiro até o Centro da cidade, em viagens de pelo menos quatro horas e meia, todos os dias, entre ida e volta.
Esse senhor me ajudou a alimentar meus sonhos, o que me fez acreditar que aquele trem cheio que eu pegava todos os dias até chegar à sala de reuniões da foto era uma provação provisória e que eu já não pertenceria mais àquele cenário em pouco tempo. Naquele quadro branco em cima da cadeira, era onde minhas metas eram contabilizadas e expostas para uma audiência de cerca de 15 pessoas todos os dias. Era uma espécie de página de Facebook imantada, onde eu semanalmente colava as minhas estrelas conquistadas a cada cinco matrículas.
Aliás, nas mãos do Manoel, nesta foto, havia, pelo que consigo contar agora, seis matrículas. Eram novos alunos para a escola que eu havia prospectado no último fim de semana. Naquele momento, eu lutava para cumprir uma meta e ser promovido a um cargo de gerente. Um momento mágico, inesquecível, de muita batalha, de sonhos e uma enorme determinação para sair daquela reunião todos os dias em direção a um telefone público, onde eu trabalhava em pé por horas, todos os dias, para ligar para os potenciais alunos da escola, quando era soterrado por incontáveis “nãos”, mas sempre sem perder a fé em busca do “sim”.
Quando saía das reuniões, as palavras do Manoel ecoavam em minha mente e me davam forças para sobreviver na selva do mercado que estava conhecendo. Muitas vezes, chegava à reunião da tarde debilitado, desmotivado e cheio de dúvidas sobre se seria capaz de ter sucesso. Mas, depois da reunião, saía com as baterias carregadas, trocando as dúvidas pelos mais lindos sonhos e com palavras de afirmação bradando em meu cérebro, como: “Sim, eu posso, eu faço, eu aconteço”. Gritava por dentro, sem que ninguém pudesse ouvir, mas eu sim, gritava bem alto. O tempo passava, as adversidades eram enormes, mas de reunião em reunião, duas vezes por dia, recebi o alimento para me fortalecer e vencer muitos gigantes.
Manoel me ensinou os primeiros passos, a base, o que é fundamental: abriu os olhos para o meu potencial e soube garimpar muito bem meu desejo de mudar de vida e o elevou à 5ª potência. Eu não era o mais culto da equipe, o mais bem arrumado, o que morava melhor, o que usava uma boa roupa, nem tinha um bom sobrenome, mas era o que verdadeiramente queria mudar de vida e estava disposto a ser influenciado por uma liderança. “Sorte” a minha que encontrei um professor no meio do caminho que depositou seu conhecimento e visão para pavimentar os primeiros metros de uma estrada sem fim.
Trabalhamos juntos apenas por dois anos, que cumpriram um papel fundamental para a descoberta inicial do que eu seria capaz, além de ter me dado um embasamento técnico de vendas que me acompanharia por muitos anos.
Não me canso de agradecer e reconhecer todo o trabalho que você realizou e a diferença que fez em minha história. Grato, Manoel, meu primeiro professor de vendas, que, para atingir os resultados, sabia que qual era sua principal matéria prima: os sonhos de seus alunos.